Quando falamos em poluição industrial, geralmente pensamos em fumaça saindo de chaminés ou em resíduos líquidos despejados no meio ambiente. Mas existem contaminantes que não são visíveis, embora sejam bastante perigosos, e um exemplo são as dioxinas e furanos.
Esses compostos químicos altamente tóxicos estão presentes em concentrações muito baixas, mas têm um potencial de impacto gigantesco, tanto para a saúde humana, quanto para o meio ambiente. E o mais preocupante: são normalmente gerados de forma não intencional, em processos industriais comuns.
O que são, afinal, Dioxinas e Furanos?
De forma simplificada, “dioxinas” (PCDD) e “furanos” (PCDF) são famílias de compostos orgânicos clorados formados como subprodutos em processos térmicos e químicos. Eles não têm uso comercial, ou seja, ninguém “produz” dioxinas de propósito.
No Brasil, segundo o Inventário Nacional de Emissões de Dioxinas e Furanos, as principais fontes estão ligadas à produção de metais ferrosos e não ferrosos, à queima de lixo a céu aberto e à fabricação de produtos químicos. Também podem ser gerados na incineração de resíduos e em processos que envolvem a presença de cloro e compostos orgânicos, como na queima de PVC.
Por que eles preocupam tanto?
As dioxinas e furanos são poluentes orgânicos persistentes (POPs). Em outras palavras, demoram muito para se decompor, se acumulam no ambiente e entram na cadeia alimentar.
A principal via de exposição humana é a ingestão de alimentos contaminados, principalmente produtos de origem animal, como carnes, leite, ovos e peixes. Uma vez no organismo, esses compostos se alojam no tecido gorduroso e permanecem ali por longos períodos.
Os efeitos à saúde não são nada desprezíveis: vão desde lesões de pele e alterações hepáticas até impactos mais sérios, como disfunções hormonais, imunológicas e neurológicas. Há evidências de que a exposição prolongada pode afetar o desenvolvimento infantil e aumentar o risco de alguns tipos de câncer.
Como eles se formam nos processos industriais
Existem três formas principais pelas quais as dioxinas e furanos podem ser geradas:
1️⃣ Destruição incompleta – quando o combustível já contém PCDD/PCDF e a queima não é eficiente.
2️⃣ Formação direta na câmara de combustão – por reações entre compostos orgânicos e cloro em condições térmicas inadequadas.
3️⃣ Formação pós-combustão (síntese “de novo”) – que ocorre nos dutos de exaustão ou em equipamentos de controle, principalmente entre 200 °C e 500 °C.
Metais como cobre, ferro e zinco atuam como catalisadores, favorecendo essa formação. Por isso, o controle de processo é fundamental.
Estratégias eficazes de controle
Reduzir a emissão de dioxinas e furanos não é apenas possível, é necessário. E isso passa por um conjunto de boas práticas que envolvem desde a origem até o controle pós-geração. Alguns exemplos:
🔹 Limpeza dos materiais antes do processamento, evitando plásticos, tintas e óleos;
🔹 Controle rigoroso de temperatura e tempo de residência, garantindo uma combustão eficiente;
🔹 Quenching rápido dos gases, reduzindo a janela de formação pós-combustão;
🔹 Carvão ativado para adsorção, associado aos filtros de mangas, para capturar compostos residuais adsorvidos nas partículas.
🔹 Oxidação catalítica seletiva, tecnologia em aprimoramento que transforma esses poluentes em substâncias menos nocivas, além de reduzir NOx.
De acordo com as diretrizes da Convenção de Estocolmo, a combinação de diferentes tecnologias é o caminho mais eficaz para alcançar níveis realmente baixos de emissão.
O contexto brasileiro
Nosso país enfrenta um desafio particular: além das fontes industriais, temos muitas emissões difusas, como a queima de lixo a céu aberto, prática ainda comum em várias regiões. Isso exige não só tecnologia, mas também políticas públicas mais consistentes, fiscalização e conscientização.
Do lado industrial, há espaço para avanços importantes. A adoção de tecnologias limpas e o investimento em sistemas de controle de alta eficiência não devem ser vistos apenas como exigências legais, mas como estratégias de sustentabilidade e competitividade.
As dioxinas e furanos representam um problema real, mas que pode ser enfrentado com conhecimento técnico, planejamento e compromisso. No fim das contas, controlar essas emissões significa proteger o meio ambiente, a saúde das pessoas e a perenidade dos negócios.
Na ATMOSPLAN, trabalhamos lado a lado com empresas para identificar fontes emissoras, propor soluções sob medida e implementar práticas alinhadas às melhores normas internacionais.
👉 Se a sua indústria atua em processos térmicos, químicos ou de tratamento de resíduos, vale a pena olhar com atenção para esse tema.
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